O alívio da falta

NewsLet's - edição #004

O alívio da falta: encontrando a paz em meio à ausência

A vida, em sua infinita sabedoria, nos apresenta um paradoxo curioso: é na ausência que, por vezes, encontramos a paz do alívio. A falta, geralmente tida como um vazio a ser preenchido, pode também se revelar como o próprio bilhete para a liberdade, leveza e a serenidade. A sensação de alívio que surge diante de situações de escassez pode parecer contraintuitiva, mas é justamente nessa aparente contradição que mora a beleza da experiência humana.

Em tanto momentos nos pegamos tentando compreender situações difíceis, e por mais que exista uma consciência de que a vida é cíclica e que nada é permanente, acabamos pesando situações que sabemos, é vivendo o desafio na sua totalidade que despertamos para um novo olhar ou caminho.

Desde a retirada de um dente até uma situação emocionalmente mais dolorosa, como um relacionamento tóxico ou uma jornada profissional desgastante pode criar um vácuo que, inicialmente, soa assustador. No entanto, esse vazio é uma oportunidade para a cura, para o crescimento e descoberta de novas possibilidades. A vida acontece, afinal, até compulsoriamente.

O alívio junto do luto

Quem já cuidou de uma pessoa amada adoentada sabe bem o peso dessa missão. A jornada é marcada por noites mal dormidas, decisões difíceis e por uma constante angústia. Quando a morte chega, a dor da perda não deixa de ser imensa. No entanto, junto com a tristeza, surge um sentimento de alívio. O sofrimento físico e emocional do ente querido se encerrou, e aquele humano cuidador, finalmente, pode descansar também.

A morte, por mais dolorosa que seja, pode trazer esse alívio inesperado. É como se uma pedra pesada tivesse sido retirada dos ombros. Talvez culturalmente seja difícil pensar dessa forma, e talvez more aí boa parte de nossos complexos (mas isso fica pra outro momento). Olhando por um ponto de vista mais realista, a ausência física do ente querido permite que a memória seja cultivada com mais leveza e que a vida de quem fica possa seguir em frente.

O alívio de sair de um ambiente tóxico

Dá para encontrar alívio em faltas profissionais? Sim, claro que dá. A carreira é um dos ambientes mais difíceis porque engloba passado, presente e futuro. Há momentos de grande euforia e outros bem angustiantes. Viver uma experiência de pressão emocional, ou quando estamos em um emprego estressante que não nos satisfaz, a sensação é de estarmos presos e desprotegidos no meio de uma tempestade.

A saída desse emprego, por mais difícil que seja, pode trazer um alívio imenso. A ausência daquela desarmonia permite uma reconexão interior que pode promover a busca de novas oportunidades. O desemprego, nesse contexto, não chega a ser um fracasso, mas sim a grande oportunidade de recomeçar.

A escrita como ferramenta de cura

A escrita é uma ferramenta poderosa para lidar com as emoções. Ao escrever sobre nossas experiências, damos forma a sentimentos, organizamos pensamentos, elaboramos histórias antigas e ganhamos uma nova perspectiva sobre algumas situações. Conversar com alguém já promove um alívio, mas escrever pra si mesmo libera uma confiança e entrega diferenciadas. Sem um interlocutor, podemos nos sentir mais à vontade para expor sentimentos sem um julgamento iminente. Inclusive, cabe uma sugestão de escrever sem pensar muito, sem escolher palavras, apenas soltando o que está querendo sair. Aos poucos, a percepção de sair mais

Ao escrever sobre um momento de alívio, podemos explorar as nuances dessa emoção, reconhecemos conexões com outros momentos. Podemos refletir sobre o que nos causou dor, sobre o que aprendemos com essa experiência e sobre como esse aprendizado nos ajudou a crescer.

Escrever cura porque nos convida a olhar para dentro de nós mesmos e a encontrar as respostas que buscamos. Ao expressar nossos sentimentos de forma honesta e autêntica, liberamos a energia negativa que está presa em nosso interior e criamos espaço para a cura acontecer.

A vida é uma jornada, e cada passo, por mais desafiador que seja, nos leva mais perto de nós mesmos.

Pense sobre isso:

  • Quais são as ausências que marcaram sua vida?

  • Como você lidou com essas ausências?

  • O que você aprendeu com essas experiências?

  • Como a escrita pode te ajudar a processar suas emoções e a encontrar a paz interior?

Exercício:

Pegue um papel e uma caneta e escreva sobre um momento em que você sentiu alívio, mesmo (ou principalmente) que tenha sido em uma situação difícil. Explore esses sentimentos, suas sensações físicas e as lições que você aprendeu com essa experiência.

Ao compartilhar suas histórias, você não apenas se conecta com sua própria experiência, mas também inspira outras pessoas a encontrarem a sua própria luz no escuro. A princípio, você sequer precisa fazer alguma coisa dessa escrita. O ato de clarificar sentimentos por si só já é a própria regeneração.

Aos poucos, esses pequenos textos podem começar a ganhar uma nova história. Se a vida é uma experiência coletiva, compartilhar nossas histórias pode ser uma forma bonita de fortalecer os laços humanos e de encontrar conforto em meio à adversidade.

Inspiração da semana

A ideia desse tema surgiu em uma leitura astrológica que fiz no começo da última semana. Refletimos sobre o fato de existirem situações que, embora justas, demandam uma energia que no fim das contas, não compensa. Às vezes aquilo que nos resguarda em recursos pode diminuir outras energias, tão importantes quanto as contas da casa em dia, por exemplo. Afinal, quem nunca passou um sábado à noite comendo miojo querendo sushi, mas com aquela felicidade de quem não negociou com si mesmo e com as próprias vontades?

Liberte-se do que te prende, te diminui ou te julga equivocadamente.

Muito obrigada!

A você que lê todos os meus textos, a você que chegou agora, a você que leu esse texto até o final: muito obrigada pela companhia! Espero que tenha te ajudado a acender alguma luzes.

Me conta se fizer o exercício. E vamos juntos encontrar uma inspiração na nossa própria história de faltas e alívios.

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